sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


ENDORSEMENT: MITOS, LENDAS E VERDADES


Muito tem se especulado,  elucubrado, vomitado e defecado pela boca à respeito dessa ferramenta de marketing que é usada em todo tipo de relação onde há produtos de consumo e um público alvo. Materiais esportivos,  Material Cirúrgico e inclusive nosso mundo , o dos instrumentos musicais, convive dia a dia com a realidade do Endorsement. Mas disso o que é verdade? O que é lenda? o que é auto-promoção? O que é recalque de quem está de fora do jogo?
Me permito aqui fazer uma reflexão a respeito do assunto. Porque me permito? Por que além, de músico profissional a  23 anos com vasta experiência na pratica musical. Sim a boa e velha da vida real que não se mede em “acessos” ou “likes” mas a que paga as contas, seja com shows na noite acompanhando artistas, fazendo cover e tocando som próprio além de clinicas e workshops  por todo país em escolas de música, igrejas, centros comunitários e todo tipo de lugar onde a necessidade de música se faz presente. E por estar desde 1998 envolvido com o marketing profissional na área de instrumentos musicais como demonstrador e endorsee/parceiro de varias marcas  como a Samick e Crate pela Habromusic, depois com a Schecter com a Sunset music, e atualmente com as marcas TMiranda ( pedais) , Gas Cases, Mrocha Bags, Cordas Solez, Palhetas Ferez,  Guitarras Ibanez  e amplificadores Laney. Alem da parceria com a empresa desenvolvedora de webasites Vision Arts que mantem no ar o site www.passamani.com.brPois bem do que se trata o tal Endorsement? A resposta é simples, contudo tem desdobramentos. Basicamente é uma ferramenta da qual empresas lançam mão onde elas vinculam sua imagem a um  músico e/ou artista ( no caso da música) e projetam a longo e médio prazo uma exposição sistemática mútua. O Artista utilizando o  produto em questão em suas apresentações , aparições publicas  e todo tipo de mídia vinculada ao artista. A empresa  pode( e deveria) conceder benefícios ao artista que podem se suceder em vários níveis dependendo do tanto de exposição do artista , bem como sua notoriedade. Isso vai de cotas de desconto na compra de instrumentos musicais, exposição nas mídias oficias da marca, suporte na manutenção e/ou aquisição de instrumentos até os casos mais notórios onde além de ganhar instrumentos musicais, o musico participa na elaboração de um instrumento que atenda suas necessidades pessoais e ganhe participação nas vendas e/ou um salario fixo.Dito isso vamos aos tipos de endorsement mais mais comuns:


AS ESTRELAS DA MARCAEm marcas maiores é comum que a empresa tenha no seu “artist rooster” nomes consagrados. Músicos e artistas de expressão e notoriedade nacional e internacional. É comum que a esses além de todo o equipamento seja entregue ao artista sem custo algum ( mas não é regra. Vide o caso G Govan/Shur), há um pagamento de salario e/ou participação nos Lucros da venda dos instrumentos signature ou modelos vinculados ao artista. Steve Vai, George Benson, Eric Clapton, Zakk Wyklde são alguns exemplos dessa categoria de endorsees.


ENDORSEES REGIONAISAlgumas marcas, além das estrelas de primeira grandeza, mantém um time “regional” escolhendo músicos em regiões especificas onde a necessidade de intensificar o marketing.  Geralmente são músicos que atuam em bandas locais, ou como artistas solo,  fazendo workshops,  e até como professores. Enfim, são músicos que vão por o publico alvo em contato mais intimo com o instrumento, já que o musico /artista em questão faz mais parte do dia a dia musical do publico alvo.  A forma de parceria desse tipo de artista varia de empresa pra empresa e de artista pra artista. É uma negociação pessoal que deve ser levada em conta se realmente válida tanto para a empresa quanto para o artista. (NÃO SENDO DE INTERESSE NENHUM A  ALGUÉM QUE NÃO ESTEJA ENVOLVIDA NO PROCESSO). Mas comumente vai de Descontos mais generosos sobre o preço de custo do instrumento, deixando o mesmo bem abaixo do preço de mercado uma vez que não há o lucro da própria importadora nem do lojista pra onerar o artista( as vezes limitando a compra a um instrumento, ou uma compra anual ou não.. dependendo do acerto); até a entrega gratuita  de UM único instrumento por ano de contrato, ou uma combinação desses itens todos acima ( em todos os casos a parte que “cobriria” o custo sai da verba destinada a marketing que toda empresa séria tem em um nível ou outro).


O PARCEIRO /PROFESSORAlgumas empresas adotam a política de parcerias com escolas e/ou professores de música cuja empresa considera como pontos de interesse para o marketing da empresa. A Esses , geralmente são concedidos privilégios de Lojista na aquisição do equipamento que em contrapartida fica exposto na escola para uso dos alunos, colocando o público em contato direto com o produto. Níveis de desconto são discutidos entre as partes mas dificilmente atingem os patamares dos descontos de endorsee regional.


O ESPECIALISTA DE PRODUTOSNão necessariamente um endorsee, mas comumente confundido com  um , o especialista de produtos é um funcionário da marca/importadora , que dá treinamento a funcionários de lojas, e atende em SAC da importadora, tirando duvidas de consumidores. São assalariados pra isso eventualmente tem acesso ( alguns ate ganham) os produtos que divulgam nos treinamentos. Como alguns desses também são musico/artistas é comum confundi-los com um endorsee, inclusive eles mesmos fazendo essa confusão as vezes. Contudo nada impede que um especialista de produtos seja tb um endorsee da marca atuando no setor artístico.




UMA OUTRA CLASSIFICAÇÃOPodemos ainda classificar os parceiros de endorsement quanto a seu envolvimento direto ou intermediado com a marca. Isso define basicamente o montante de verba disponível a ser investido.


ENDORSEMENT DIRETO DA FÁBRICAEsse artista está vinculado direto A fabrica do produto em questão. As negociações são feitas diretamente com o setor de marketing da marca em sue país de origem. Em empresas nacionais isso fica obviamente mais fácil dada a própria distancia. O porte da empresa pode também facilitar. Empresas pequenas geralmente mantém um canal mais aberto com o artista do que as grandes marcas, permitindo ao mesmo que participe de forma mais efetiva do processo de desenvolvimento do produto.



ENDORSEMENT DA IMPORTADORAAlgumas marcas grandes e consagradas como a Fender , Ibanez, Gibson, e tantas outras,  por seu próprio tamanho e visibilidade mundial, delegam funções aos  Oficial DEALERS, no caso do brasil as Importadoras. Além de intermediadores comerciais ( comprando da fabrica e revendendo ao lojista) , muitas das importadoras fiam responsáveis pela relação artista/fabrica no caso da ferramenta de endorsement. Contudo todo o trabalho é feito sob supervisão direta da marca o que torna a relação tão oficial quanto a primeira opção citada, além de poder evoluir para uma relação direto com a fábrica. O nível de envolvimento da Marca no processo de endorsement gerenciado pela importadora pode variar de empresa para empresa. Posso falar hoje no caso da Ibanez onde estou, que todo o processo é acompanhado de perto pelo setor de marketing da hoshino Gakki co. ( dona da marca Ibanez, Tama e outras..) Inclusive com visitas ao Brasil para discussões sobre o assunto e encontro com os artistas Ibanez Brasil.



ENDORSEMENT DO LOJISTAModalidade comum entre os músicos que tocam “na noite”, o apoio da Loja direto ao musico através de uma politica de descontos ou atem mesmo na entrega de um equipamento de graça ( dependendo da verba da loja pra isso), o Musico endossado geralmente se apresenta expondo a marca da loja em algum lugar de visibilidade como uma correia de guitarra uma pele de bumbo  e/ou uma camiseta, além de apresentações e workshops na loja eventualemente.OS PROBLEMAS DO ENDORSEMENT NO BRASILNo Brasil  a ferramenta de endorsement é comumente alvo de críticas ,( algumas bem fundamentadas  e argumentadas outras baseadas no subjetivismo recalcado de quem não faz parte do mercado musical sério,  para outros pelo mesma razão, tornou-se motivo de piadas em redes sociais. Mas pra muita gente ainda é negócio e negócio sério e lucrativo. Contudo tanta controvérsia tem lá sua razão e a origem disso podemos tentar analisar a seguir:



O “ENDOSSISMO PROFISSIONAL”Com raízes profundas fincadas no jeitinho brasileiro, no “levar vantagem”, no “se dar bem”, esta o “endossista profissional.Bancando o Lojista - Ao receber benefícios como descontos, e ate mesmo instrumentos , advindos de sua relação com a marca , o mesmo cria um mercado paralelo negociando esses instrumentos a medida que vai adquirindo-os, criando um “mercado paralelo” já que ele queimou etapas da cadeia comercial e consegue preços diferenciados. O que o “endossista profissional” não percebe é que ao fazer isso ele não fortalece a marca, antes a enfraquece uma vez que cria concorrência desleal com os próprios lojistas. Quando caem as vendas numa região x , isso significa que o trabalho do Endorsee la é nulo, que pouca diferença fez, logo ele como peça de marketing é desnecessário. Um tiro no pé. Pena que algumas empresas ainda não entenderam isso e mantem vampiros endossistas em seus roosters.


O Prostituto – Esse é fácil. A cada seis meses esta de marca nova, seja por que ganhou 150 reais amais  no contrato , ou uma guitarra a mais pra ele vender. Não entendeu que uma das prerrogativas do musico parceiro é o VÍNCULO de sua imagem à marca. Contratar um Artista desse além de queimar o filme da marca junto ao consumidor alimenta o vampiro que denigre o processo, gerando o circulo vicioso. E pouco importa se o Prostituto é uma “Estrela” ou não.  Em Países sérios isso tem implicações mercadológicas.) Impactos esses a nível de ações inclusive no mercado financeiro. Outro aspecto comum do prostituto é se vincular a produtos que não usaria normalmente. O musico usa guitarra de 8 cordas no seu projeto. Mas é endorsee de uma marca que não fabrica 8 cordas. Ou o musico que não usa chorus em absolutamente e nenhuma música, mas é endorsee de um chorus famoso. Ou ainda.. “fulano usa cabos x”. mas vc vai no show do cara e os cabos são Y. o mesmo pra guitarras, efeitos, etc...



O Alpinista – Esse então é o mais comum. O músico sem expressão nenhuma nem regional nem local quanto mais nacional. Sem um acarreia estabelecida, e alimentado por distorções como “eu tenho x mil acessos no youtube” ou “eu ganhei o concurso  melhor solo cultural “ ou “arpejo da semana do fórum da internet”, o Alpinista acredita que as coisas só vão acontecer pra ele se ele virar Endorsee de alguma marca. Ainda não entendeu que virar endorsee de alguma marca é consequência de coisas que já aconteceram e não causa. As vezes a vontade do alpinista é tão grande que ele se transforma no....



Pernóstico financeiro – Esse tipo é o mais vil, e infelizmente a coisa da errado no brasil por que ele encontra o LOJISTA/IMPORTADOR BURRO. O Pernóstico acha que pode comprar sua vaga de endorsee e as vezes compra. Já se ouve relatos no Brasil de venda de espaço a músicos sem endorsement nos estandes de algumas marcas. Nas principais Feiras do segmento.  Contudo sua ganância não tem limites e ele não se vincula a ninguém.. ele quer somente mais e mais.. e vai trocando de marca a te convencer ( ou tentar convencer) as pessoas que ele é um musico renomado porque tem endorsee até de cueca.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Emfim.. em meio a tantas lendas, problemas, uma carga de impostos pesadíssima do governo para a importação, distorções sociais como as redes sociais e seus fóruns pretensiosos, dispostos a apregoar sua verdade unilateral como sagrada, sem a menor preocupação com argumentos , o que pode ser explicado pela infantilidade  de um garoto de 14 anos atrás de um teclado, ou o recalque de um garoto de 30 atrás do mesmo teclado. Empresas que ainda não entenderam a verdadeira natureza da relação de endorsement, e com isso permitem que os tipinhos abjetos como o Pernóstico, o Alpinista o Prostituto se infiltrem e enfraqueçam o mercado. Tudo isso tem prejudicado bastante a imagem da utilização em nosso país.  Não é uma ferramenta perfeita como nenhuma delas é. Seja uma propaganda ou review numa revista,( assunto que pode dar pano pra manga, e gerar outro texto maior ainda que esse).Contudo o mercado é novo e esta em franca expansão apesar de carregar um saco de tijolos tributários, e a postura dos importadores e lojistas e músicos aos poucos tem mudado. Isso com o tempo  há de colocar todos em seus devidos lugares., sejam Marcas, importadores, músicos e pseudo-músicos recalcados.